6 estratégias para controlar a epidemia de AVC na América Latina

No início de agosto, aconteceu em Gramado, no Rio Grande do Sul, o 21º Congresso Ibero-americano de Doenças Cerebrovasculares. O grande marco do evento foi a reunião dos representantes de 11 países da América Latina para debater propostas que reduziriam o impacto do acidente vascular cerebral (AVC)na região.

A discussão foi selada com a assinatura da “Carta de Gramado”. O documento oficializa o compromisso desses países em desenvolver medidas efetivas para atuar na prevenção, no amparo dos socorridos e na reabilitação dos pacientes.

“Existe uma epidemia de AVC na América Latina que poderia ser controlada”, alerta a neurologista e presidente do congresso, Sheila Martins. Ela explica que existem estratégias consagradas para contornar o derrame e suas sequelas, mas ainda há um grande déficit de implementação desses métodos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, a cada seis segundos, uma pessoa morre por causa do AVC. Isso significa mais de 6 milhões de óbitos por ano em todo o planeta.

No Brasil, ele é a segunda maior causa de morte, totalizando mais de 100 mil por ano. De quebra, o problema carrega o título de principal motivo de incapacidade em adultos, de acordo com o Ministério da Saúde.

SAÚDE destacou abaixo os principais pontos da Carta de Gramado. Clique aqui para lê-la na íntegra.

1. Educar a população quanto aos sinais de alerta do AVC, à urgência do tratamento e ao controle dos fatores de risco

De acordo com a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), 90% dos casos da doença são evitáveis. A informação sobre como preveni-la deve chegar às pessoas através de campanhas de conscientização e da mídia.

2. Promover ambientes seguros para a prática de atividade física, implantar políticas de controle do tabaco e estimular a alimentação saudável

Essas são ações iniciais para diminuir o número de AVCs. “Alertar sobre a necessidade de mudança no estilo de vida ajuda é tão importanto quanto investir no tratamento”, afirma Sheila, que também é fundadora da Rede Brasil AVC.

3. Estabelecer estratégias de detecção e controle de fatores de risco tratáveis

Apenas Brasil e Chile possuem planos nacionais para o tratamento de diabetes, hipertensão e colesterol alto, grandes causadores de derrames. Mas, além de remédios, é vital diagnosticar precocemente essas doenças. Você já se examinou contra elas?

4. Organizar o atendimento aos pacientes, da chegada no hospital ao tratamento

Desde 2011, uma norma do Ministério da Saúde estabelece que pessoas que tenham sofrido um acidente vascular cerebral precisam ser priorizadas no atendimento. Porém, isso não acontece nos demais países da América Latina. “Os pacientes chegam muito tarde e, quando chegam, às vezes descobrem que o ambulatório não oferece tratamento”, complementa Sheila.

Na Carta de Gramado, as nações se comprometem também a destinar recursos humanos e financeiros para a criação de Centros de AVC. Esses locais seriam departamentos específicos dos hospitais focados no problema, onde haveria profissionais capacitados e a tecnologia necessária para atender ocorrências.

5. Ampliar o acesso à reabilitação e estabelecer diretrizes para o tratamento padronizado, com atualizações periódicas

A arma mais utilizada atualmente no Sistema Único de Saúde (SUS) para o AVC isquêmico – quando um vaso sanguíneo no cérebro é bloqueado por um trombo – é a trombólise. Trata-se de um remédio que dissolve a placa que travou a circulação sanguínea no cérebro. Ele pode ser realizado em até quatro horas e meia após o início dos sintomas.

Uma alternativa é a trombectomia, uma espécie de cateterismo que desobstrui o coágulo. Ela já está disponível na rede pública chilena. No Brasil, é feita apenas nas clínicas privadas, porém sua implementação nos hospitais públicos está sendo estudada. A ideia é expandir para todo o continente.

Já o tratamento AVC hemorrágico, em que o vaso sanguíneo estoura, envolve o controle do espalhamento de sangue pelo cérebro. Esse tipo de acidente vascular cerebral é menos comum, mas costuma ser mais grave.

6. Monitorar a prevalência dos principais fatores de risco e dos indicadores assistenciais do atendimento

O próximo passo será preparar um documento que mostre a situação de cada país e quais as ações a serem feitas a partir de então. A Organização Pan-americana de Saúde será a mediadora nessa cooperação internacional.

Fonte: Abril

 

 

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