A urina percorre o caminho do rim, passa pelo canal do ureter, chega na bexiga e é expelida através da uretra. Esse processo é possível devido a uma válvula que mantém o correto funcionamento do trato-urinário. Porém, em alguns casos esse mecanismo de válvula sofre deficiências ou alterações, perdendo o controle do direcionamento da urina.Com o mau funcionamento ou sua interrupção total, a urina volta pelo ureter levando bactérias presentes na bexiga até o rim, órgão extremamente sensível a estes microrganismos. Elas podem causar desde leves infecções urinárias até a falência dos rins.DIAGNÓSTICOCom o surgimento de infecção urinária e febre é preciso levantar a suspeita de RVU. Em média 1 em cada 100 crianças recebem o diagnóstico positivo. Junto a confirmação, é necessário verificar o estadiamento da doença, dividida em 5 graus diferentes, sendo o 1 o mais leve.Alguns exames que podem ser feitos para viabilizar o diagnóstico:• Ultrassom renal – visualiza os rins e todo sistema urinário, simples e pouco invasivo para a criança.• Uretrocistografia Miccional (UCGM) – raio X com contraste. Este exame dá o diagnóstico de refluxo e permite avaliar o grau do RVU.• Cistografia Radioisotópica – Similar ao UCGM, mas com um produto para contraste diferente. Diagnostica a RVU, mas não o grau.• Cintilografia renal com DMSA – checa o funcionamento dos rins e as condições de cada um.FATORES DE RISCOO maior grupo afetado pela doença são crianças menores de 5 anos. O RVU tem várias origens, podendo ser hereditário ou associado a disfunções da bexiga. Se uma criança tiver RVU todos seus irmãos menores de 5 anos devem fazer o exame para refluxo, pois apresentam grandes chances de terem o mesmo diagnóstico.Os meninos são os mais atingidos no grupo dos recém-nascidos e as meninas passam a ser maioria após o primeiro mês de vida.PREVENÇÃO
Devido ao acometimento dos rins, a melhor forma de prevenção é o tratamento das infecções que podem levar à falência dos rins. Após a definição do grau de RVU pode ser prescrita a ingestão de antibióticos em doses baixas por um período diário e contínuo.Como a melhora do problema de disfunção da válvula que regula o direcionamento da urina é gradual, é necessário levar a criança ao médico sempre que apresentar febre ou qualquer outro sintoma, para evitar danos mais graves aos rins.
SINTOMAS
Apesar de alguns casos não apresentarem sintomas, o RVU causa infecções do trato-urinário que podem levar a impulsos fortes e persistentes para urinar, queimação ao urinar, urinar em pequenas quantidades, coloração turva e com cheiro forte, febre e dor no flanco ou abdômen.Em crianças mais novas os mais comuns são:• Diarreia• Falta de apetite• IrritabilidadeJá nas mais velhas são:• Xixi na cama• Constipação intestinal• Pressão alta• Proteinúria• Insuficiência renal• Perda de controle do intestino
TRATAMENTO
A escolha do tratamento é feita com base na idade, grau de RVU, evolução das infecções e especificações de cada paciente. Confirmado o diagnóstico, o tratamento se divide entre clínico e cirúrgico.Nos casos de indicação clínica, o paciente pode fazer uso de antibióticos em pequenas doses e por longos períodos. Junto à medicação, são prescritas ingestão controlada de líquido e de idas ao banheiro. Esses procedimentos possibilitam a cura em até 80% dos casos de grau mais leve, com maior indicação para crianças até 5 anos de idade.Para pacientes que mantém o quadro de infecções urinárias contínuas, mesmo com o uso de antibióticos, crianças acima de 5 anos ou com um grau mais severo de RVU é indicada a cirurgia que reconstrói o mecanismo valvular.Outra opção que está sendo testada é o tratamento endoscópico, que injeta substâncias que facilitam a reconstrução do mecanismo