A ciência começa a voltar seus olhos a um problema que, só na última década, triplicou entre os jovens: o envelhecimento precoce dos dentes. Aliás, você sabia que eles envelhecem? Isso acontece pelo desgaste do esmalte. Alguns fatores ligados ao estilo de vida atual estão por trás desse salto na prevalência de casos.
Estresse e até mesmo dietas da moda aparecem entre os fatores de risco capazes de acelerar a corrosão dentária. “Não é raro nos depararmos com pacientes de 25 ou 30 anos, mas com a dentição equivalente ao dobro da idade”, comenta o dentista Paulo Vinícius Soares, professor da Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais com pós-doutorado pela Universidade de Illinois, em Chicago, Estados Unidos e fundador de um grupo de estudos sobre o assunto.
Quando não são tomadas medidas preventivas – que podem entrar facilmente no cotidiano – esse desgaste contínuo interfere com a gengiva, desencadeando a exposição da raiz do dente. Além de resultar em prejuízos estéticos, tal processo propicia o aumento da sensibilidade e alterações na mastigação.
Outra encrenca é a dor local, inclusive da musculatura da região da boca e até na cabeça.
Embora o esmalte do dente seja uma estrutura muito resistente, aliás, é considerada a mais forte do corpo humano, um conjunto de fatores colabora para sua degradação. Confira os principais, segundo o professor Paulo:
– Estresse e ansiedade
O nervosismo constante pode reduzir a quantidade de saliva, uma das maiores aliadas na manutenção do PH da boca. Os dentes ficam mais vulneráveis à acidez, o que provoca a desmineralização.
Para piorar, quem vive na correria do dia a dia tende a exagerar nos cafezinhos e outras bebidas ácidas.
Não bastasse, os estressados podem entrar para o time dos chamados “apertadores bucais”. “São as pessoas que cerram os dentes em momentos de tensão”, comenta o professor. Isso leva a uma sobrecarga das articulações, impactando nas gengivas e no desgaste do esmalte.
– Modismos alimentares
Quem diria, a busca pelo emagrecimento rápido também coloca os dentes em risco. Uma das últimas manias – que não tem sequer embasamento científico – é a mistura de água com limão em jejum. A bebida ácida danifica ao dente. O mesmo efeito de corrosão é desencadeado pelo jejum intermitente, uma prática que prejudica a produção de saliva, nossa aliada natural.
– Exagerar em certas bebidas
Vinho, chá verde e bebidas isotônicas são acusados de contribuir para a perda mineral. Porém, dentro de um contexto saudável, isto é, sem excessos e contrabalanceadas por iniciativas que fortaleçam os esmalte do dente, elas não são capazes de causar danos.
– Doenças gástricas
Aqui o principal problema atende pelo nome de doença do refluxo gastroesofágico, que acontece quando o esfíncter – uma espécie de válvula entre o esôfago e o estômago – relaxa demais e permite que o conteúdo gástrico retorne. Assim, os ácidos estomacais entram em contato com a boca e favorecem a corrosão dentária. Buscar ajuda médica para sanar o problema é essencial.
A CIÊNCIA CONTRA O ENVELHECIMENTO
Uma vez desgastado, infelizmente, o esmalte do dente não se regenera. “Não existem fórmulas caseiras para tratar”, enfatiza o professor Paulo Vinicius Soares, por isso a estratégia mais certeira é mesmo apostar na prevenção.
Adotar certos cuidados, desde cedo, assegura um sorriso cheio de saúde com o passar dos anos. É a melhor atitude para combater a deterioração precoce. Dessa forma, os dentes não vão envelhecer antes de você.
Assim como o filtro solar faz parte da rotina de cuidados com a pele, a blindagem do nosso esmalte dos dentes é também importante na rotina de saúde bucal. Ao sair da cama e após as refeições, os cuidados com a boca devem ser caprichados.
Entre as grandes apostas da ciência, destaca-se o fluoreto de amina. Não se espante com nome complicado. Trata-se de um componente do creme dental e de outros produtos elmex, uma linha que está aterrissando por aqui, disponível nas farmácias, e que foi desenvolvida, há mais de 50 anos, por pesquisadores suíços. “A substância protege o esmalte da corrosão”, explica Soares. Também há evidências de que melhore o aproveitamento do cálcio e breque as perdas minerais dentárias. São, portanto, três frentes de ação diária contra os impactos da vida moderna.
O ingrediente foi criado, lá nos anos de 1960, em um trabalho conjunto entre cientistas vindos de universidades e experts dos laboratórios elmex, dentro de um polo farmacêutico centenário, que fica na cidade da Basiléia, na Suíça. Os estudiosos testaram, ao todo, 297 moléculas para chegar ao fluoreto de amina.
Um dos diferenciais da substância é que ela se espalha melhor sobre toda a superfície do dente, o que garante maior absorção e defesa aos ataques corrosivos. Sem contar que ela ainda tem ação contra bactérias, reduzindo o risco das cáries.
UMA ROTINA DE CUIDADOS
Lançar mão dessa fórmula exclusiva diariamente é garantia de proteção, de forma prática e eficaz.
Mas outras atitudes são bem-vindas, veja:
– Caprichar no consumo de cálcio
Esse nutriente deve constar no cardápio para quem quer ter um sorriso saudável. Leite, queijo e iogurte são suas melhores fontes. “Esses alimentos também oferecem fósforo e caseína, que contribuem para manutenção do esmalte dos dentes”, ensina a nutricionista Bianca Naves, da clínica Nutrioffice, em São Paulo. Inclusive, os mesmos ingredientes ajudam a atenuar a acidez dos cítricos. “A combinação colabora para neutralizar o efeito”, diz Bianca. Assim, vale experimentar o suco de laranja junto de um lácteo.
– Escovar bem
O professor Paulo Vinicius enfatiza também o cuidado com a escovação. “Após o consumo de alimentos ácidos, deve-se enxaguar muito bem a boca antes de usar a escova de dente”, ensina. Não é necessário ter mão pesada, a delicadeza é uma boa pedida.
Agora você já sabe! São cuidados simples e que inseridos na rotina ajudam a manter o sorriso tinindo.
Fonte: Abril