Escrito por Clovis Filho, Redação Minha Vida
O luto está em nossa vida desde sempre; ele surge a cada perda ou mudança que temos: quando terminamos um relacionamento, quando saímos de um local de trabalho, quando mudamos de casa ou de cidade e quando a morte leva alguém querido. Mas em cada situação dessas, vivenciamos o luto de formas e intensidades variadas.
Em geral, especialistas apontam que o luto possui cinco fases ou estágios que são divididos da seguinte maneira: negação e isolamento, raiva, barganha, depressão e aceitação. De acordo com a psicóloga Daiane Ortiz, elas costumam ocorrer nessa ordem, mas não é incomum vê-las misturadas entre si ou indo e vindo entre uma e outra.
Conheça a seguir cada fase do luto e entenda como elas atuam no processo de ?cura? do ser humano:
1 – Negação
“A negação é vista como uma autodefesa e alívio do impacto da notícia. É comum a pessoa se isolar do convívio social, mas não é algo que dura por muito tempo”, explica a terapeuta e analista comportamental Priscila Landoski.
De acordo com a especialista, uma sensação comum nesta fase envolve a insegurança. É normal a pessoa se sentir reprimida e abandonada, sua vibração natural diminui e os pensamentos negativos tomam conta.
Como o próprio nome sugere, a negação costuma acontecer no início do processo, quando a pessoa se recusa a aceitar a perda. Pensamentos como “aquilo não pode ter acontecido, não comigo, não com ela” costumam surgir nesse estágio do luto.
Entendendo a negação
A especialista Daiane Ortiz explica que essa fase, na qual a pessoa busca explicações variadas para convencer a si mesmo e aos demais, surge de maneira diferente para cada um. No entanto, o mais comum é que, nesse momento, ocorra também o isolamento como uma necessidade de estar consigo mesmo para processar todas as informações.
“Convém aos demais respeitar esse momento, não contradizer, apenas aceitar sua negação e isolamento e respeitar o tempo da pessoa em luto. Em algum momento, quando ela se sentir pronta, ela voltará ao convívio, voltará a falar”, afirma Daiane. E aí cabe também uma escuta respeitosa sempre.
2 – Raiva
Nesta fase, surgem as perguntas: “Por que eu? Por que comigo?”. Junto com elas, inúmeras indagações e comparações também aparecem. Lembranças das abstenções, renúncias e planos não realizados podem se refletir em um comportamento hostil com os que estão próximos ou tentam se aproximar – podendo dar a impressão de que é deles que se está com raiva, quando, na verdade, pouco ou nada tem a ver com eles.
Sentimentos de revolta, culpa e ressentimento chegam de forma intensa. “Revolta contra sua própria vida ou até contra Deus, em certos casos”, exemplifica a terapeuta Juliana. A raiva prevalece e fortalece uma perspectiva hostil da realidade.
3 – Barganha
Neste estágio do luto, os pensamentos de que as coisas possam voltar a ser como antes prevalecem e a pessoa tenta “negociar” consigo mesma ou com os outros para que isso aconteça.
No caso de um fim de relacionamento, por exemplo, isso poderia ser considerado como uma tentativa de restabelecer uma conexão que já não está mais lá. Entretanto, essa fase do luto dura pouco tempo ou pode até não aparecer.
4 – Depressão
“A depressão é percebida quando a pessoa em luto se depara de fato com a realidade: ‘Isso é real, aconteceu. E aconteceu comigo, não há como fugir'”, explica Daiane. Essa queda drástica no emocional costuma ser considerada usual nesse contexto por determinado período, a ser avaliado caso a caso. Geralmente, a tristeza é sentida com mais intensidade.
É a partir deste momento que o indivíduo começa a lidar, verdadeiramente, com o fato ocorrido. Uma vez que a pessoa atravessou as fases de natureza mais combativas do luto, como o confronto da raiva e a autodefesa da negação, ela costuma vivenciar o momento mais intenso do luto.
5 – Aceitação
A aceitação é invariavelmente a fase final do luto. Nela, a pessoa consegue superar todos os estágios e começa a lidar melhor com a perda ou mudança. Dessa maneira, ela passa a compreender a situação com mais tranquilidade e se mostra disposta a vivenciar a falta, mesmo que ainda sinta algum sentimento de dor emocional.
Como lidar com as fases do luto
A analista comportamental Priscila Landoski explica que não existe uma fórmula para lidar com a situação, uma vez que todo o processo do luto é algo muito particular para cada pessoa e que deve ser atravessado da melhor forma, com ajuda de alguém ou da maneira que o indivíduo conseguir por si mesmo.
Sentir e viver a dor da perda ou da mudança é muito importante. Quando se reprime esse sentimento, em algum momento, ele pode vir à tona. É importante ter a ajuda de um profissional que é capaz de respeitar e lidar com isso de forma empática, sempre entendendo as necessidades da pessoa.