O QUE É
O câncer de cabeça e pescoço se origina nas células dos tecidos que revestem as mucosas úmidas do corpo, como garganta, laringe, faringe, boca, nariz, seios da face e ao redor dos olhos.
De acordo com levantamento do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), 75% dos casos de câncer de cabeça e pescoço atingem o público masculino acima de 50 anos de idade. Os tumores malignos de cabeça e pescoço representam 3% de todos os tipos de câncer.
O tipo mais comum é o carcinoma epidermoide, que se origina nas células que recobrem a mucosa de toda a região da cabeça e do pescoço. Há também os carcinomas adenóide cístico e carcinoma mucaepidermoide que causam a maioria dos tumores das glândulas salivares. E 5% incluem tipos raros, como sarcomas, linfomas e adenocarcinomas. Os cânceres são tratados de acordo com a localização do tumor.
SINTOMAS
O câncer de cabeça e pescoço pode não apresentar sintomas nas fases iniciais. Mas, à medida que o tumor evolui, pode apresentar os seguintes sinais:
• Massa indolor
• Úlcera na região, com ou sem dor, e cicatrização demorada
• Manchas brancas na boca
• Halitose (mau hálito)
• Lesão ulcerada ou com sangramento e cicatrização demorada
• Nódulos no pescoço presentes por mais de duas semanas
• Alteração na voz
• Rouquidão persistente
• Dificuldade ou dor para engolir
• Engasgo frequente
• Diminuição do apetite
• Cansaço
• Palidez
• Febre
• Falta de ar, tosse, dores ósseas ou fraturas, em casos de metástases
• Dentes frouxos ou moles
• Perda repentina de peso
Caso você observe a existência de algum dos sintomas por mais de duas semanas, procure um médico.
FATORES DE RISCO
As regiões afetadas pelos cânceres de cabeça e pescoço estão em contato com diversas substâncias, que podem provocar alterações celulares que causam o câncer.
Os maiores fatores de risco para os cânceres de cabeça e pescoço são:
• Depressão imunológica: pacientes que se submeteram a transplantes de órgãos e tomam medicamentos imunosupressores para evitar a rejeição, assim como pessoas com HIV e outros tipos de doenças com deficiência imunológica são mais propensos a ter a doença.
• Epstein-Barr: carcinomas associados a esse vírus desenvolvem-se na nasofaringe e ocorre com mais frequência em pacientes orientais.
• HPV: a infecção com o papilomavírus humano (HPV) é um fator de risco para alguns tipos de cânceres de cabeça e pescoço, como o câncer de orofaringe, relacionado diretamente com as amígdalas ou a língua. Por isso, é importante se proteger ao realizar sexo oral.
• Lesões pré-malignas: há dois tipos de mais frequentes, as lesões de cor branca que surgem nas mucosas dos lábios, da língua ou das pregas vocais, chamadas de leucoplasias. Em 20% dos casos, elas estão associadas a transformações malignas do tumor. O outro tipo de lesão é chamado de eritroplastas, e é caracterizado por feridas avermelhadas que, em 80% dos casos caracterizam tumores malignos.
• Tabagismo e alcoolismo: um dos principais fatores de risco para este tipo de câncer. Quanto mais prolongado e intenso for o uso do álcool e do fumo (incluindo cigarro, cigarrilha, charuto, narguilé ou cachimbo), maior o risco de desenvolvimento da neoplasia.
PREVENÇÃO
Ainda não existem exames de rastreamento em massa da população para chegar um diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço. Cerca de 60% a 70% dos pacientes que procuram um especialista já estão com tumores avançados.
Além de parar de fumar e de consumir bebidas alcoólicas com frequência, é importante ficar atento a alguns sinais do corpo, como dor de garganta frequente, dificuldade para engolir ou rouquidão.
Outra estratégia preventiva é tratar precocemente as lesões pré-malignas. Por isso, o autoexame é tão importante. Nas áreas de fácil observação, como pescoço e cabeça, verifique o surgimento de caroços, feridas ou inchaço. Na boca, veja se existem feridas que não cicatrizam. Caso seja necessário, use um espelho ou peça ajuda para outra pessoa. Ao notar qualquer alteração, agende uma consulta com um médico.
TRATAMENTO
O tipo de tratamento do câncer de cabeça e pescoço é definido pelo nível de estadiamento da doença, ou seja, se ela está restrita ao órgão de origem ou se ela se estende para outros órgãos. Após o diagnóstico, o médico discutirá com o paciente as opções de tratamento.
As principais opções terapêuticas para pacientes com câncer de cabeça e pescoço incluem cirurgia, radioterapia (radiações ionizantes para destruir ou inibir o crescimento das células anormais que causam o tumor), quimioterapia (compostos químicos são introduzidos no organismo para combater o câncer, pode ser administrado via oral, intravenosa, intramuscular, pela espinha e sobre a pele) e terapia-alvo (combate as moléculas específicas do câncer, direcionando a ação do medicamento, reduzindo as chances de atingir células normais e acarretar efeitos colaterais). Em muitos casos, ocorre a combinação deles.
Na maioria dos casos de câncer de cabeça e pescoço é empregada a cirurgia, acompanhada ou não de radioterapia. Como os locais onde as lesões surgem são variados, o tipo de cirurgia, a terapia aplicada após esse procedimento e a recuperação são diferentes conforme a sensibilidade do paciente. A intervenção cirúrgica pode ser realizada por via endoscópica. Neste caso, a ressecção pode ser realizada com raios laser, no lugar do bisturi. Tal procedimento é menos invasivo e facilita a recuperação.
Dependendo do tamanho do tumor, pode não haver alterações estéticas da face, mas dependendo da lesão, grandes partes da mandíbula, dos lábios, do palato ou da língua são retiradas. Nesses tipos de casos, há cirurgias plásticas e acompanhamento fonoaudiólogo para a recuperação da deglutição e fala.
Dependendo da quantidade de medicamento e tempo de tratamento, podem ocorrer reações diversas, como cansaço excessivo perda de cabelo, sistema imunológico debilitado, perda de apetite ou náuseas. Nesses casos, pode haver necessidade de internação e acompanhamento.
A imunoterapia também pode ser indicada em casos mais avançados. Esse tratamento promove a estimulação do sistema imunológico por meio de medicamentos que modificam a resposta biológica do organismo.
DIAGNÓSTICO
O primeiro passo para o diagnóstico do câncer de cabeça e pescoço é a avaliação do histórico clínico completo do paciente, além de um exame físico para avaliar possíveis sintomas de câncer ou outras lesões.
Para a detecção de outros tipos de lesões, também é realizada a observação direta da abertura da boca, onde o câncer de mucosa aparece de modo mais frequente. Nesse momento, o médico usa um abaixador de língua e uma lanterna.
Nos tumores de laringe, hipofaringe e nasofaringe, usa-se um nasofibrolaringoscópio, aparelho que dispõe de uma fibra óptica dotada de uma luz intensa na extremidade para permitir a visualização da cavidade nasal.
Além desses métodos, para a obtenção do diagnóstico o médico pode pedir outros exames de imagem e de laboratório, como:
• Ultrassonografia: identifica a presença de nódulos na cabeça ou no pescoço. Também pode-se detectar a localização, e em alguns casos, o tamanho do caroço. Durante os check-ups anuais ocorrem diagnósticos acidentais por meio de ultrassonografias de rotina, o que leva ao diagnóstico precoce de alguns tumores.
• Radiografia panorâmica de mandíbula: com ela, é possível avaliar a condição óssea da região. É mais utilizada em casos de câncer na boca que, algumas vezes, é descoberto por consultas aos dentistas.
• Tomografia computadorizada: utilizada para diagnosticar diversos tipos de câncer. O exame é não invasivo combina equipamentos de raio-x com computadores programados para produzir imagens do pescoço ou cabeça. Nele, é possível ter uma visão detalhada e multidimensional da área afetada. Pode ser usada para avaliar a extensão do tumor e confirmar a presença de metástase.
• Ressonância nuclear magnética: utiliza um campo magnético de forte intensidade, pulsos de radiofrequência e um computador para produzir imagens detalhadas dos órgãos internos. Pode ser indicado como diagnóstico complementar, pois permite detectar anormalidades dos tecidos de forma mais eficiente do que outros exames de imagens.
• PET- CT: a tomografia por emissão de pósitron (PET-CT) avalia o metabolismo dos órgãos por meio de aparelhos sincronizados com tomógrafos computadorizados, que permitem combinar as imagens metabólicas com as anatômicas. É utilizado para detectar tumores e se há metástases. Sendo assim, administra-se um material radioativo (radiofármaco ou radiotraçador) pelas veias até a área a ser examinada. Uma injeção intravenosa de glicose com radioativo se distribui pelo corpo e se concentra em maiores quantidades nos tecidos tumorais, fazendo com que o médico identifique as áreas com lesões.
Confirmada a lesão, realiza-se a biópsia. O material é enviado para exame microscópio.